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Perdendo o foco ... ou descobrindo o que se esconde?

Todas as vezes que acolho em meu consultório pessoas em desespero, uma atitude comum a todas elas é a confusão. Queixam-se de não conseguir se concentrar, de se esquecer das coisas. Curioso é perceber que os desesperados são pessoas que perderam o foco...esqueceram-se do que de fato querem. No Filme Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol, há um diálogo interessante sobre isso: “Aonde fica a saída?", Perguntou Alice ao gato que ria. ”Depende”, respondeu o gato. ”De quê?”, replicou Alice; ”Depende de para onde você quer ir...” Uma pergunta tão simples que fazemos a todo instante, mas que carrega sobre si um peso enorme de nossa condição. ”Depende de para onde você quer ir...” Para o desesperado o sofrimento não é de não ter saída, mas de não saber que saída tomar! Por isso a confusão é percebida em crises. O desespero não é o problema, mas uma reação à sensação de não se saber o que precisa, de estar sem norte. E nessa situação qualquer saída é e ao mesmo tempo não é...

Prisão - um poema de uma amiga

Turbilhão de sentimentos Negros no céu cinzento Torrente de tristeza Afogando o viver Que já não admira a beleza  Eu-contradição Mar de emoção Interior e exterior Ser dual por imposição Ressentimento Sufocado Trancado com cadeado Devido às consequências Pés e Mãos atados Um beco sem saída Vivendo de aparências Sangrando a ferida A boca sorri Chora o coração O verdadeiro "eu" prisioneiro Acorrentado pelas conveniências Triste viver, triste lamentar...

O Centro de Atenção Psicossocial - Uma saída para o Gama

Sob a ótica da reforma psiquiátrica, a internação de pacientes com problemas mentais deixou de ser uma solução, mas uma exceção. No passado o paciente psiquiátrico em seus quadros mais graves eram reclusos em verdadeiras prisões: Todos os estabelecimentos criados no país até o final do século XIX, com a finalidade de internar os doentes mentais, ofereciam um tratamento que tinha como objetivo maior "afastá-los da sociedade do que realmente tratá-los e minorar seu sofrimento" (RIBEIRO, 1999, p. 20) A sociedade não conseguia enxergar o processo de inclusão social dos pacientes psiquiátricos. Seu objetivo era afastá-los do convívio social. As famílias, desesperadas, buscando uma solução e não compreendendo a loucura, perdiam contato com seus entes queridos e de forma "natural" e gradativa se esqueciam de quem as fazia sofrer. Era um processo de desfazimento de vínculo. Os familiares cauterizavam suas emoções, "jogavam" seus parentes nos hospitais psiquiátr...

As Cinco Atitudes do Amor - tema dos Grupos de Reflexão dos familiares de Dependentes Químicos

O RESGATE DA AUTORIDADE DOS PAIS NA RELAÇÃO COM OS FILHOS. COMO CRIAR UM CANAL DE AMOROSIDADE COM OS FILHOS E COLOCAR LIMITES SEM CULPAS, MÁGOAS OU MEDO DE PERDÊ-LOS “Nada irá mudá-lo senão a visão daquilo que o coração dele deseja mais ardentemente”. (pp.27 - O Poder Restaurador dos Relacionamentos Humanos, Larry Crabb) ATITUDES RESGATANDO A AUTORIDADE DOS  PAIS 1ª ATITUDE separar o(a) filho(a) de seu comportamento. Amamos nosso(a) filho(a). são alguns comportamentos dele(a) que não aceitamos. Temos que pensar várias vezes ao dia: amo meu filho(a), eu não aceito é o comportamento dele(a) . 2ª ATITUDE Sempre que formos falar com nossos filhos para elogiar e/ou corrigir, devemos definir quem é quem nessa relação, e quais suas funções. Sempre temos que começar com as palavras mágicas: Eu sou sua mãe (ou pai), você é meu filho(a) e amo muito você e gostaria... . Nunca se esqueça que SEMPRE seremos os pais e eles os filhos, não importa a idade. 3ª ATITUDE Abraçar os filho...

Grupo de Reflexão - Familiares de Envolvidos em Dependência Química

Os Grupos de Reflexão são reuniões facilitadas por um profissional psicossocial que conduz os participantes sob um tema. Este Grupos não são terapêuticos, mas Operativos. Dessa forma, não se falar em terapia comunitária nesses grupos, mas em discussões temáticas e modificadoras de comportamento. Na promotoria de Justiça do Gama desenvolvemos Grupos de reflexão de Adolescentes em risco ( quintas-feiras), de Familiares de Dependentes Químicos ( primeira terça-feira do mês), de Dependentes Químicos ( última terça-feira do mês), de Homens envolvidos em Violência Doméstica ( segunda terça-feira do mês) e de Mulheres ( terceira terça-feira do mês). Os Grupos de Reflexão de familiares de Dependentes Químicos tem como base o modelo sistêmico, que considera a família  como um sistema, no qual famílias com problemas de dependência química mantém um equilíbrio dinâmico entre o uso de substâncias e o funcionamento familiar. Na perspectiva sistêmica, um dependente químico exerce uma importa...

Tratamento de Dependentes químicos no DF! Até quando o Governo vai fingir que faz alguma coisa ?

Acompanho um caso que me deixa atônito com o descaso do Estado quanto ao sofrimento do cidadão. Vou chamar este assistido de Paulo ( nome fictício mas história verdadeira). Paulo usava crack até oito meses atrás. Autuado por porte ilegal de drogas, foi encaminhado ao Núcleo de Práticas Multidisciplinares do Ministério Público do DF a fim de que fosse escutado e devidamente encaminhado. O caso foi acompanhado por uma estagiária de psicologia que por meio de entrevista motivacional conseguiu encaminhar Paulo para desintoxicação em fazenda terapêutica,( pois o DF não tem nenhuma clínica para desintoxicação e os hospitais não tem estrutura para isso) e acompanhamento em CAPS-AD. O esforço de Paulo era notável, visto que participou assiduamente de todos os encaminhamentos a que foi submetido.Tem conseguido se manter "limpo" . Mas surgiram impecílios: Na cidade onde ele mora não há CAPS-AD. Isso mesmo, uma cidade com mais de 150 mil habitantes não consegue sensibilizar o Governad...

Reflexão sobre a participação de familiares indiretamente envolvidos nos processos restaurativos

  “Em uma tarde comum de trabalho, recebi uma visita inesperada. Chamarei essa pessoa de Lúcia . Citada em um processo restaurativo como pivô do conflito familiar entre tio e sobrinha, Lúcia estava inconformada com sua vida. Conhecia alguns sintomas da loucura. Não queria admitir, mas sabia que era uma paciente psiquiátrica. Ouvia vozes intimidadoras - Dia e noite. Passara noites em claro. Tinha uma história de compulsão e obsessão. Buscou diversas vezes atendimento junto ao Hospital da Cidade. O máximo que conseguiu foi um encaminhamento para um Posto de saúde para receber remédio: Diazepam, indicado para transtornos de ansiedade. A dose de dois meses tomava em semanas, pois não conseguia dormir. As vozes não a deixavam em paz . Em sua paranóia, todos arquitetavam contra ela. Desconfiava que tivesse um “chip” instalado em sua cabeça. Sabia que era loucura, mas era isso ou encarar que tinha problemas psiquiátricos. Lúcia Pediu que sentássemos e informou que leria um livro. Leu um ...