Pular para o conteúdo principal

A tristeza - nossa amiga


Muitos confundem tristeza com depressão. "Estar bem" passou a ser ter um bom "selfie", a necessidade de se evitar aquilo que se aproxima de uma "cara triste" tornou-se imperiosa. Ninguém quer ficar com alguém de "bode". A busca de um NORMAL nos impele a repelirmos aquilo que os OUTROS acham ANORMAL.


No entanto, a tristeza faz parte das cores de nossas emoções e tem um papel fundamental em nossa dinâmica de vida. Tristeza não é depressão. Apesar de na depressão percebermos que a tristeza sombreia a vida de seus protagonistas, mas de forma inconsistente e desnecessária, a tristeza, quando adequada, tem o papel de nos trazer para dentro de nós mesmos, de nos colocar em contato com a dor da vida, de se viver, de se enfrentar as demandas do dia a dia. A tristeza é a emoção que nos mostra como a vida tem cores e nuances e pode ser modulada, reciclada. A tristeza nos lembra de que temos, como pessoas morais, que fazer escolhas e arcar com suas consequências; que temos de olhar para frente sem ignorar que fomos construídos por uma história. 

Somos pessoas desejantes,e movidas pelo DESEJO. No entanto nossos desejos poderão ser frustrados - ou não compreendidos (se é que precisam ser). Isso nos impulsionará a fugirmos de nosso mais íntimo anseios, RECALCANDO-OS. Essa negação, por certo provocará uma reação de nossas emoções, que sempre HONESTAS e COERENTES com nossos DESEJOS, lutará para nos alertar sobre nosso sofrimento real, distante daquele ditado pelo MAL-ESTAR da civilização. 

Por isso, quando a tristeza chegar, não fuja dela, mas perceba que como um bom sinalizador,ELA APENAS PEDIU QUE OLHASSE PARA DENTRO DE SI e se perguntasse: COMO VAI SUA VIDA? COMO VAI SUA CRIANÇA DESEJANTE? Não drible a sensação de angustia com fugas e distrações. Mas acolha-a como MENSAGEIRA. Como um entregador, que vem com uma missão, mas nunca com o objetivo de ficar. Infelizmente algumas pessoas acolhem seus mensageiros e não os permite irem embora. E eles não irão, até que entreguem a mensagem!

Então, se a tristeza vier, não se assuste, mas olhe para dentro de si mesmo, imaginando-se uma criança e se pergunte: Do que preciso? O que me falta? E então sacie-se, agradecendo ao mensageiro por tê-lo alertado de que seu desejo se frustrava!







Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Prisão - um poema de uma amiga

Turbilhão de sentimentos Negros no céu cinzento Torrente de tristeza Afogando o viver Que já não admira a beleza  Eu-contradição Mar de emoção Interior e exterior Ser dual por imposição Ressentimento Sufocado Trancado com cadeado Devido às consequências Pés e Mãos atados Um beco sem saída Vivendo de aparências Sangrando a ferida A boca sorri Chora o coração O verdadeiro "eu" prisioneiro Acorrentado pelas conveniências Triste viver, triste lamentar...

Perdendo o foco ... ou descobrindo o que se esconde?

Todas as vezes que acolho em meu consultório pessoas em desespero, uma atitude comum a todas elas é a confusão. Queixam-se de não conseguir se concentrar, de se esquecer das coisas. Curioso é perceber que os desesperados são pessoas que perderam o foco...esqueceram-se do que de fato querem. No Filme Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol, há um diálogo interessante sobre isso: “Aonde fica a saída?", Perguntou Alice ao gato que ria. ”Depende”, respondeu o gato. ”De quê?”, replicou Alice; ”Depende de para onde você quer ir...” Uma pergunta tão simples que fazemos a todo instante, mas que carrega sobre si um peso enorme de nossa condição. ”Depende de para onde você quer ir...” Para o desesperado o sofrimento não é de não ter saída, mas de não saber que saída tomar! Por isso a confusão é percebida em crises. O desespero não é o problema, mas uma reação à sensação de não se saber o que precisa, de estar sem norte. E nessa situação qualquer saída é e ao mesmo tempo não é

Grupo de Reflexão - Familiares de Envolvidos em Dependência Química

Os Grupos de Reflexão são reuniões facilitadas por um profissional psicossocial que conduz os participantes sob um tema. Este Grupos não são terapêuticos, mas Operativos. Dessa forma, não se falar em terapia comunitária nesses grupos, mas em discussões temáticas e modificadoras de comportamento. Na promotoria de Justiça do Gama desenvolvemos Grupos de reflexão de Adolescentes em risco ( quintas-feiras), de Familiares de Dependentes Químicos ( primeira terça-feira do mês), de Dependentes Químicos ( última terça-feira do mês), de Homens envolvidos em Violência Doméstica ( segunda terça-feira do mês) e de Mulheres ( terceira terça-feira do mês). Os Grupos de Reflexão de familiares de Dependentes Químicos tem como base o modelo sistêmico, que considera a família  como um sistema, no qual famílias com problemas de dependência química mantém um equilíbrio dinâmico entre o uso de substâncias e o funcionamento familiar. Na perspectiva sistêmica, um dependente químico exerce uma importante